sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Chimpanzés da Guiné aprenderam a desactivar armadilhas


Um pouco por toda a África, é comum a utilização de armadilhas para a caçar determinados animais, que acabam por provocar a morte ou ferimentos graves em chimpanzées. Mas investigadores da Universidade de Quioto, no Japão, descobriram que alguns dos chimpanzés que vivem nas florestas da Guiné aprenderam a reconhecer essas armadilhas e a desactivá-las sem se magoarem, noticia a BBC Online.

A descoberta foi feita por acaso pelos primatologistas Gaku Ohashi e Tetsuro Matsuzawa, quando observavam uma comunidade de chimpanzés que vive em Bossou, na Guiné, para o seu estudo sobre o comportamento social dos primatas.
São vários os relatos de ferimentos causados pelas armadilhas em chimpanzés um pouco por todo o continente africano, com muitos dos animais a morrerem nas ciladas. Contudo, no caso dos chimpanzés de Bossou, esses relatos são muito escassos, o que causou estranheza uma vez que vivem junto de aglomerados humanos, onde este tipo de armadilha é muito utilizado. Agora sabe-se a razão.

Durante as suas pesquisas no terreno, Gaku Ohashi e Tetsuro Matsuzawa, do Instituto de Pesquisa Primata da Universidade de Quioto, observaram cinco machos, juvenis e adultos, a tentarem quebrar e desactivar uma armadilha. Em duas das ocasiões, os chimpanzés foram bem sucedidos. “Eles parecem saber que partes da armadilha são perigosas e as que não são”, referiu Ohashi à BBC. “Ficámos bastante surpreendidos quando observámos este comportamento”.
A descoberta permite também novos conhecimentos quanto ao método de aprendizagem desta espécie de primatas. Habitualmente, os chimpanzés aprendem por tentativa e erro. Contudo, os chimpanzés de Bossou não poderiam ter aprendido a desactivar as armadilhas desta forma, porque a primeira tentativa poderia ser fatal. “A observação indica que os chimpanzés podem aprender de outras formas, que não através de tentativas e erro”, acrescentou o mesmo investigador.

Os cientistas especulam que essa aprendizagem pode ter sido feita de geração em geração, uma vez que num dos casos observaram um juvil a observar um adulto a desactivar uma armadilhas, antes de o ir ajudar quando já não havia qualquer perigo. Acrescentaram ainda que os chimpanzés que vivem noutras regiões de África ainda não terão aprendido a desactivar as armadilhas desta forma.
Fonte: JN

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